Com a privatização, o quadro de pessoal foi reduzido a um terço e avançou a terceirização, mesmo com o aumento dos clientes. A redução de custo não atinge as tarifas, que sobem acima da inflação.
Nivaldo Santana*/Vermelho
Mais de dois milhões de paulistanos ficaram privados do fornecimento de energia elétrica depois das chuvas e ventanias da última sexta-feira, dia 3 de novembro. Três dias depois, um milhão de moradores ainda continuam enfrentando o apagão.
Não se tem registro de colapso no
fornecimento de energia elétrica por tanto tempo em São Paulo. A falta de
energia também prejudica o fornecimento de água e transforma a vida dos
cidadãos em um verdadeiro martírio.
A causa principal desse colapso
atende pelo nome de privatização. A antiga Eletropaulo, responsável pela
distribuição de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, foi
privatizada em 1998.
Na exposição de motivos do projeto de
venda da Eletropaulo, o governo do PSDB dizia que a prestação de serviços
privatizada asseguraria permanência ou continuidade, regularidade,
generalidade, modicidade, cortesia e eficiência.
Esse discurso falacioso assegurava
que o Estado não teria condições de assegurar a excelência dos serviços. A
panaceia neoliberal de que o capital privado cumpriria melhor esse papel, uma
vez mais, caiu por terra.
A política adotada depois da
privatização da Eletropaulo desestruturou a empresa. As superintendências
regionais, bem estruturadas, autossuficientes e com lideranças competentes,
especialmente de engenheiros, foram desmontadas.
Na área de distribuição, havia uma
engenharia central e diversas regionais, com equipes de manutenção, de
distribuição e de prontidão, para atendimento de emergências. Na época, o
planejamento atendia ocorrências em até 15 minutos.
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Com a privatização, houve mudanças
radicais no sistema. O quadro de pessoal foi reduzido a um terço e avançou a
terceirização, mesmo com o aumento dos clientes. A redução de custo não atingiu
as tarifas, que passaram a subir acima da inflação.
Com a substituição das
superintendências regionais por um sistema de monitoração eletrônica e
telemedição, acompanhado de equipes de atendimento móveis, a população se viu
privada do atendimento nos bairros.
Dessa forma, rareiam as agências
físicas e o atendimento virtual não funciona quando mais se precisa, como agora
no apagão. E a fantasia da modicidade tarifária não passa de discurso fácil
para justificar a privatização.
Enquanto a qualidade dos serviços
caía e as contas de luz aumentavam, os controladores privados comemoravam os
sucessivos incrementos nos lucros. Paralelamente, houve uma grande venda de
ativos imobiliários da empresa.
Esses imóveis serviam para a
construção de linhas de transmissão, distribuição, subestações e agências para
a empresa acompanhar o crescimento dos municípios da Grande São Paulo.
Outro dado importante foi a
expressiva diminuição do número de engenheiros, que prejudicou a qualidades dos
serviços, e também a redução do número de trabalhadores especializados,
afetando a capacidade de atendimento da sociedade.
Essas medidas tomadas com o único
objetivo de aumentar a margem de lucros acabou por tornar a empresa incapaz de
enfrentar emergências nos períodos de chuva, como se vê agora com o maior
apagão da história paulistana.
Por todas essas razões, a população
de São Paulo precisa estar atenta. O atual governador de São Paulo, que reza
pela mesma cartilha dos privatistas, pretende privatizar a Sabesp e outras
empresas do Estado. Fica o alerta: privatização, não!
*Ex-deputado estadual PCdoB-SP, secretário de relações internacionais da
CTB
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Postado por Luciano Siqueira às 06:53 Nenhum
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