Mesmo com corte na taxa básica de juros (Selic) pelo Copom, país tem juros reais alto; entidades criticam corte baixo dos juros, uma vez que a inflação está controlada
por Murilo da Silva
Publicado
01/02/2024 18:37 | Editado 01/02/2024 18:47
São Paulo (SP),
21/03/2023 - Centrais Sindicais protestam contra juros altos em frente ao
prédio do Banco Central, na Avenida Paulista. Foto: Fernando Frazão/Agência
Brasil
Na quarta-feira (31) o Comitê de
Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) cortou em 0,5% a taxa básica
de juros, a taxa Selic, que passou para
11,25% ao ano. Apesar disso o Brasil continua na segunda colocação
de maiores juros reais do mundo.
Os juros reais são a composição da
taxa de juros nominal descontada a inflação prevista (12 meses). Segundo a
consultoria MoneYou, os juros reais brasileiro estão em 5,95%, perdendo
somente para o México, com 6,49%.
Leia também: Copom mantém ritmo de corte de 0,5% nos juros, que chega
a 11,25%
Este entendimento dá margem por
pedidos para uma maior redução dos juros pelo Copom, que realizou um corte
tímido, segundo muitos analistas.
Considerando os juros nominais (sem
inflação), o Brasil está em quinto junto com o México: (1º) Argentina: 100%;
(2º) Turquia: 45%; (3º) Rússia: 16%; (4º) Colômbia: 13%; (5 º) Brasil/ México:
11,25%.
Corte maior
Após a nova decisão que levou a taxa
para 11,25%, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio de seu
presidente, Ricardo Alban, criticou a redução: “conservadora e injustificável”.
“É necessário e desejável maior
agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais significativa do custo
financeiro suportado por empresas, que se acumula ao longo das cadeias
produtivas, e consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos
penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros,
com menos emprego e renda”, advertiu.
O corte pequeno, dadas as
circunstâncias, também é criticado pelas centrais sindicais. O presidente da
CTB, Adilson Araújo, observa que, sob a aparência de neutralidade e
independência, “os juros altos servem, na verdade, aos interesses dos grandes
bancos e rentistas. O Brasil pratica hoje a segunda maior taxa de juros reais
do mundo e isto não deve ser naturalizado, é um absurdo que só responde a uma
razão: enriquecer ainda mais um restrito grupo de parasitas que nada produzem e
vivem à base dos juros. A luta pela redução dos juros no Brasil é fundamental”,
disse.
A vice-presidenta da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, observa que o atual patamar atrasa o
avanço do país: “Não tem como a Selic prosseguir nesses níveis. Como vamos
implementar um projeto de reindustrialização no Brasil, investir na Saúde, em
obras do PAC, como o Estado irá conseguir somar dinheiro para tantas áreas
fundamentais, com os juros acima dos 10%?”, aponta.
Em nota, a Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) “ressalta que já há espaço para o
direcionamento da política monetária para um cenário menos restritivo, com
cortes mais intensos”. E complementa: “O retorno da inflação à meta em 2023 e a
desaceleração do índice prévio de janeiro têm provocado reduções nas
expectativas inflacionárias, especialmente para o ano de 2024. Os cortes mais
acentuados dos juros também se justificam pelos dados de curto prazo, que
indicam um cenário de desaceleração da atividade econômica.”
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