Com inflação controlada, percepção é de que o corte nos juros poderia ser maior. Presidente da CNI entende que redução foi “conservadora e injustificável”
por Murilo da Silva
Publicado 31/01/2024 19:31
Foto: Beto Nociti/Banco Central
O Comitê de
Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), definiu, nesta quarta-feira
(31), o corte de 0,5% na taxa básica de juros, a taxa Selic, que passa dos
atuais 11,75% para 11,25% ao ano.
Este foi o quinto
corte seguido dos juros e foi decidido por unanimidade entre os nove membros do
Comitê. Desde o início do ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023, os juros
passaram de 13,75% para o novo patamar decidido nesta quarta, ou seja, uma
queda de 2,5%.
A previsão do
mercado (Boletim Focus) para o encerramento do ano é de uma Selic a 9%.
No comunicado sobre
a redução, o BC informou: “Considerando a evolução do processo de
desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de
informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50
ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com
a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do
horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem
prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade
econômica e fomento do pleno emprego.”
Leia também: Brasil gasta 25% da receita fiscal para pagar juros,
aponta ONU
Haddad diz que governo busca crescimento acima de 2% do
PIB em 2024
Na justificativa
ainda consta que o Comitê “avalia que o cenário segue exigindo cautela
por parte de países emergentes” em relação à volatilidade do ambiente
externo ainda que no cenário doméstico a inflação cheia ao consumidor tenha
mantido “trajetória de desinflação”.
Apesar dos cortes
seguidos, existe a compreensão da sociedade e do governo que as reduções
poderiam ser mais amplas.
Além da demora para
o início dos cortes em oito meses sob o governo Lula [só iniciado em agosto de
2023] e que só ocorreram após pressão dos movimentos sociais e sindicais, a
inflação em queda permitiria o avanço por uma redução maior, com corte de até
1% nos juros. Uma redução maior é demandada pelas centrais sindicais e
lideranças políticas como forma de estimular a atividade econômica e o consumo
– essenciais para o processo de retomada dos investimentos e crescimento do
PIB.
Leia também: Com Lula e sem teto de gastos, investimentos crescem 81%
Até mesmo a
Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do seu presidente, Ricardo
Alban, se referiu aos cortes do Copom como conservadores no início desta
semana, uma vez que poderiam ser de 0,75%, como indicaram.
Após a nova decisão
que levou a taxa para 11,25%, a CNI divulgou que a avaliação da indústria é de
que a inflação continua com comportamento favorável a uma redução maior e Alban
criticou duramente a decisão: “conservadora e injustificável”.
“É necessário e
desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais
significativa do custo financeiro suportado por empresas, que se acumula ao
longo das cadeias produtivas, e consumidores. Sem essa mudança urgente de
postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas,
principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, advertiu.
A próxima reunião
do Copom acontece nos dias 19 e 20 de março.
0 comentários :
Postar um comentário