Pergunta à FIESP o que dói mais: trabalhador organizado na
rua ou a rapaziada que anula o voto ?
Saiu no Globo, pág. A6, da edição nacional:
Artigo: Centrais sindicais se fizeram ouvir no país
De Adalberto Cardoso, professor e pesquisador do Iesp-Uerj
As centrais sindicais foram às ruas na quinta feira, dia 11,
com uma pauta classificada por alguns como “corporativa” e restrita a “temas
trabalhistas”, de interesse de uma minoria. Essa interpretação erra o alvo.
Jornada de trabalho e regras de aposentadoria, dois dos temas salientes da
convocação das centrais, são afeitos a todos os que ganham a vida trabalhando.
Na ponta do lápis, 55 milhões de brasileiros contribuem para
a previdência social, e cerca de 123 milhões de pessoas vivem em famílias nas
quais pelo menos um membro contribui. Além disso, 40 milhões de brasileiros
trabalham 44 horas por semana ou mais, e 103 milhões de pessoas vivem em
famílias em que pelo menos um membro trabalha essa jornada (dados da PNAD-2011,
última disponível).
Trabalhar menos e se aposentar com decência são conquistas
civilizatórias universalizadas no século XX nos países mais ricos, mas
permanecem uma promessa no Brasil. E são demandas históricas de nosso
sindicalismo.
Julgadas contra o pano de fundo das jornadas de junho, que
levaram mais de um milhão de pessoas às ruas, metade delas jovens de 24 anos ou
menos (segundo a pesquisa IBOPE divulgada no Fantástico), a manifestação puxada
pelas centrais sindicais e outros movimentos organizados pareceu um fracasso.
Outro engano.
Os avanços mais evidentes das administrações petistas
ocorreram no mercado de trabalho. Foram quase 20 milhões de empregos formais
criados em 10 anos, isto é, 20 milhões de novos contribuintes para a
previdência social.
O ganho de renda das famílias entre 2002 e 2011 também foi
expressivo, de mais de 35% em termos reais, tendo chegado a 80% em alguns
estados do Nordeste, ainda segundo a PNAD. A inflação recente, que atinge mais
fortemente os mais pobres, porque puxada sobretudo pelos alimentos, vem
corroendo em parte esses ganhos, mas a maioria das categorias tem conseguido
aumentos de salários acima dos índices oficiais de inflação, segundo o DIEESE.
Ou seja, se há insatisfação de parcelas da população quanto
à sua qualidade de vida, essa insatisfação não parece ter origem no mercado de
trabalho. E no entanto, as centrais sindicais, com uma pauta com viés de classe
(e não difuso como as jornadas de junho), se fizeram ouvir no país inteiro, com
passeatas em todas as capitais e centenas de cidades do interior, bloqueios de
estradas e acesso a portos e, no caso do Rio de Janeiro, confronto com a PM,
que vem utilizando violência excessiva contra os manifestantes. Não colocaram
um milhão de pessoas nas ruas. Mas mostraram que continuam ativas, e que são
capazes de causar prejuízos à economia e aos poderes públicos, seu principal
recurso reivindicatório.
Navalha
O Conversa Afiada observaria, também, a proposito do sucesso
do Dia Nacional das Lutas:
- Se quiserem derrubar a Dilma nas ruas, vai ter Venezuela !
- Uma coisa é doença infantil do transportismo, que a Globo
transformou em Golpe contra Dilma.
- Outra é trabalhador paralisar o país com pauta
trabalhista.
- Pergunta pra FEBRABAN, pra FIESP o que dói mais.
- Uma coisa é classe média cheirosa hostilizar os partidos e
a CUT na Avenida Paulista.
- Outra é paralisar o país dentro da Lei, com aviso à
Polícia sobre o trajeto, sem interromper o transporte urbano, sem manifestante
mascarado.
- Pergunta pra FIESP o que dói mais.
- Pergunta à FIESP se ela prefere o MPL que anula voto ou o
Vagner , que vota na Dilma.
- Uma coisa é manifestante da classe média virar herói da
Globo.
- Outra, é o Dia Nacional das Lutas mudar a logomarca da
Globo: “sonega Globo”.
- Uma coisa é dar Golpe na rua.
- Outra é evitar, na rua, o Golpe.
- Pergunta pra FIESP o que dói mais.
- Pergunta aos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome
próprio.
- Pergunta à Dilma.
Ela sabe.
Paulo Henrique Amorim
Clique aqui para ler: Vagner: sem negociação, paralisação.
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