September 6, 2015
Ilha das
Flores é um filme de curta-metragem brasileiro, do gênero documentário, escrito
e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado em 1989, com produção da Casa de Cinema
de Porto Alegre. O filme foi realizado com o apoio de Kodak do Brasil,
Curt-Alex Laboratórios e Álamo Estúdios de Som.
Com uma
linguagem quase científica, o curta mostra como a economia gera relações
desiguais entre os seres humanos. O próprio roteirista/diretor, Jorge Furtado
já afirmou em entrevista que o texto do filme é inspirado em suas leituras.
O filme
conta a história de um japonês, o Sr. Suzuki, plantador de tomates na região de
Porto Alegre. Dona Anete, vendedora de perfumes, que percorre a cidade em busca
de consumidores para suas mercadorias. Como consequência, surge o lucro. Com o
lucro, Dona Anete vai a um supermercado de Porto Alegre e compra tomates e
carne de porco.
Os tomates e
a carne de porco são ingredientes na refeição preparada por Dona Anete para sua
família. Entre os tomates comprados havia um considerado impróprio para o
consumo que foi atirado no lixo. Tal lixo foi recolhido e enviado para aterros
sanitários. O que é lixo orgânico é separado e utilizado como alimento para os
porcos de um dos moradores do lixão. Esse lixão, ironicamente, é denominado de
"Ilha das Flores". O problema é que, depois da coleta seletiva, que
indicou o que poderia ser aproveitado pelos suínos, outros seres humanos passam
a disputar as sobras que ao lixão pertencia.
No
documentário, muitas informações foram apresentadas através de uma linguagem
científica com a intenção de “igualar” o ser humano por meio de descrições que
denotam a raça humana. Em contrapartida, mostra o desigual tratamento dado aos
“iguais” seres humanos, colocando-os inferiores aos porcos. O filme já foi
acusado de "materialista" por ter, em uma de suas cartelas iniciais,
a inscrição "Deus não existe". No entanto, o crítico Jean-Claude
Bernardet definiu Ilha das Flores como "um filme religioso" e a CNBB
(Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu ao filme o Prêmio
Margarida de Prata, como o "melhor filme brasileiro do ano" em 1990.
Em 1995, Ilha das Flores foi eleito pela crítica europeia como um dos 100 mais
importantes curtas-metragens do século.
Este filme
retrata a sociedade atual, tendo como enfoque seus problemas de ordem sociais,
econômicas e culturais, na medida em que contrasta a força do apelo consumista,
os desvios culturais retratados no desperdício, e o preço da liberdade do
homem, enquanto um ser individual e responsável pela própria sobrevivência.
Através da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais (lixo), o
autor aborda toda a questão da evolução social de indivíduo, em todos os
sentidos. Ficam evidentes ainda todos os excessos decorrentes do poder exercido
pelo dinheiro, numa sociedade onde a relação opressão e oprimido é alimentada
pela falsa ideia de liberdade de uns, em contraposição à sobrevivência
monitorada de outros.
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