Luciano Siqueira
Vencidos os 12 primeiros meses, muito
se disse — em apoio ou contra — sobre o terceiro governo Lula.
Em dezembro passado, a direção nacional do PCdoB abordou o tema em reunião
plenária. Agora, em nota da sua Comissão Política Nacional, o Partido torna
pública a sua análise http://tinyurl.com/hbmammrf
A política voltou ao posto de comando e se iniciou uma "virada" em
relação à situação desastrosa produzida nos dois anos de Temer e, sobretudo,
nos quatro anos de Bolsonaro.
Dentre os fios condutores dessa "virada", a reinserção do Brasil na
cena internacional, mediante política externa altiva e propositiva; a retomada
de políticas sociais compensatórias de consistente repercussão sobre as
condições de vida da população mais pobre e sobre o consumo; e o ensaio de
iniciativas de fôlego destinadas à retomada do desenvolvimento tendo como
lastro o relançanamento da indústria.
Neste último item, destacam-se o novo PAC, a recuperação do papel do BNDES e
demais bancos públicos na operação do incentivo creditício às atividades
econômicas, o fortalecimento da Petrobras e a nova política industrial assentada,
em boa parte, na ciência e na inovação tecnológica.
Mas o terreno é movediço. E arriscoso, como diria Guimarães Rosa.
O ambiente internacional é marcado pela profunda crise do sistema capitalista,
que se arrasta e age, feito fogo de monturo, como fator estimulador de
conflitos regionais, de guerras e de instabilidade econômica. E se é verdade
que parcela da liquidez assim mesmo existente pode se reverter em investimentos
externos no Brasil, verdade também é que aí reside parte substancial da pressão
interna e externa em defesa dos fundamentos macroeconômicos neoliberais
persistentes.
Internamente, o governo Lula tem que matar um leão todos os dias e, se
possível, mostrar a juba — seja no confronto com o parlamento, onde amarga
correlação de forças adversa, seja no enfrentamento do cerco midiático
pró-mercado, que tem peso específico considerável na cena política.
Cá com meus modestíssimos botões, assinalo que há ainda um fator negativo nem
sempre percebido com clareza: o caráter disfuncional do aparelho estatal —
fator limitante da ação de governo que prospera negativamente há cerca de duas
décadas e se agravou nos governos Temer e Bolsonaro.
Assim, é possível afirmar que a "virada" iniciada no atual governo
ainda acontece sob o signo de uma transição da complexa situação herdada a uma
situação nova, em que se possa, sobre o lastro de condições políticas e
institucionais favoráveis, avançar consistentemente na agenda da reconstrução
nacional.
E, para tanto, emerge com muita força e urgência a absoluta necessidade da
mobilização social, que — como assinala a nota do PCdoB — se impõe como
responsabilidade tanto do governo (que ainda patina na mensagem e nos meios de
comunicação), como dos partidos que compõem a frente ampla governista
(momentaneamente distanciados da massa trabalhadora e do povo) e dos movimentos
sociais organizados (ainda incapazes de resolver a equação do novo mundo do
trabalho e da alienante comunicação digital).
*Texto da minha coluna desta
quinta-feira no portal Vermelho
Tem muito
mais adiante https://bit.ly/3Ye45TD
Postado por Luciano Siqueira às 13:49 Nenhum
comentário:
0 comentários :
Postar um comentário