Por Emílio Carlos Rodriguez Lopez, no blog Viomundo:
Estamos no sexto ano da maior crise do capitalismo mundial,
só comparável à de 1929.
Nesse período, o mundo perdeu - e ainda não recuperou! - 65
milhões de postos de trabalho, segundo dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), até o final de 2013.
Enquanto isso o Brasil conseguiu criar mais de 11 milhões de
empregos na economia formal.
Aqui, vale relembrar que a economia informal é quase do
mesmo tamanho que a formal. Esse indicador pode ajudar a explicar por que,
mesmo com crescimento menor do que a média dos últimos anos, ainda há um
sentimento de razoável conforto econômico por parte da população.
No final de abril, o jornal Estado de S. Paulo publicou uma
longa matéria sobre a crise nos Estados Unidos, apontando que, pós-crise, em
média, eles cresceram 1,8%, por ano e ainda não conseguiram voltar o nível de
emprego anterior a 2008.
Já o Brasil, desde a crise, cresceu 3,1%, em média, ao ano.
Essa matéria do Estadão, diga-se de passagem, é raridade na
grande imprensa brasileira.
Explico. No Brasil, a crise mundial quase sumiu do
noticiário, que, atualmente, só se dedica a divulgar os problemas internos,
aquilo que foi definido como guerra de expectativas ou terrorismo econômico.
Lembro um dado conjuntural: a economia americana neste
trimestre se retraiu em 1% e a brasileira cresceu 0,2%.
Em meados de abril, na apresentação da Lei de Diretrizes
Orçamentárias- LDO de 2015, do governo federal, a ministra do planejamento,
Miriam Belchior, apontou que o Brasil teve boa recuperação econômica comparada
a outros países. Ficamos mais de 10% à frente dos Estados Unidos e a Europa ainda
não se recuperou da crise de 2008.
Detalhe: a revisão do PIB de 2013 mostrou que crescimento
foi maior ao anunciado anteriormente; foi de 2,3% para 2,5%
Um dos fatores que alimentaram a crise de 2008 é que mais de
um trilhão de dólares de dinheiro fictício, operado pelo mercado financeiro,
“evaporaram”. E isso tem impactado o crescimento da economia mundial e
brasileira.
Para enfrentar a crise de 2008, o governo federal optou por
aumentar recursos para o BNDES e outros bancos públicos com o objetivo de o
crédito ajudar a produção, o consumo e segurar os postos de trabalho.
Este talvez seja o grande nó do embate hoje.
O grupo de economistas neoliberais, que estava no governo
FHC e agora comanda as propostas de campanha de Aécio Neves, defende a
implantação da política de “austeridade” no Brasil.
O objetivo é provocar uma recessão, como ocorre na Europa,
que gera desemprego e reduz salário dos trabalhadores. Em consequência, poderá
reduzir ao máximo políticas como o PAC, Minha Casa, Minha Vida.
Ou seja, risco de retorno das políticas de redução do
tamanho do Estado que costumam proteger os ricos e jogar nas costas do
trabalhador os custos da crise econômica.
Essa política provoca graves efeitos colaterais, já que
promove a corrosão das bases da democracia e gera o crescimento de movimentos
de cunho fascista ou neonazista, como os que assistimos na Europa.
Recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, num
debate a respeito da propaganda política do PT sobre o perigo de uma voltada ao
passado, afirmou que o PT também é o passado.
O debate não é sobre o passado, pois todos sabem que a crise
de 2008 representou um grande questionamento do pensamento único neoliberal.
Fernando Henrique deveria lembrar que olhar para trás e
entender o passado é fundamental para pensar o presente e projetar o futuro.
Nesse sentido, o debate político começa com as declarações
do presidencial Aécio Neves (PSDB), que deseja implantar “medidas impopulares”
em seu hipotético governo.
Desse modo, o que estará em jogo nas eleições de 2014 é quem
deve pagar as contas da crise mundial.
Faremos como dirigentes europeus, que preferiram a recessão
e o alto desemprego e agora colhem o crescimento da extrema direita, do racismo
e da xenofobia?
A resposta a esta questão virá em outubro, quando o povo
escolher o(a) novo(a) presidente(a).
0 comentários :
Postar um comentário